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terça-feira

muita FÉ no homem



“...a cultura ocidental moderna destruiu definitivamente os conceitos clássicos de continuidade, de lei universal, de relação causal, de previsibilidade dos fenômenos: em suma, renunciou à elaboração de fórmulas gerais que pretendem definir o conjunto do mundo em termos simples e definitivos. Novas categorias ingressaram na linguagem contemporânea: ambigüidade, insegurança, possibilidade, probabilidade (...) todos esses elementos da cultura contemporânea estão unificados por um estado de espírito fundamental: a consciência de que o universo ordenado e imutável de outrora, no mundo contemporâneo, representa, quando muito, uma nostalgia: mas já não é nosso. Daqui – e será preciso dizê-lo? – nasce a problemática da crise, pois é preciso uma firme estrutura moral e muita fé nas possibilidades do homem para aceitar despreocupadamente um mundo no qual parece impossível introduzir módulos de ordem definitivos”. 

[Umberto Eco, “O Zen e o ocidente” em Obra Aberta, p. 205, 206].