Páginas

quarta-feira

arte, loucura


Mas há outro aspecto ainda mais importante para compreender a relação entre arte e loucura.  É a questão do sentido da arte. Em geral não há consenso em relação ao que podemos chamar “o sentido da arte”. Assim, podemos partir da ideia de que a arte partilha também com a loucura o problema do sentido. Mas se a arte ainda pode ter um sentido, a loucura é o que não terá sentido jamais. Ela representa uma ruptura justamente com o sentido que a arte pode, de algum modo, vir a constituir. Neste sentido, a arte surge em contraposição à loucura. Ao mesmo tempo, a semelhança entre elas pesa mais do que a diferença.
(...)
A arte escapa, assim como a loucura, dos discursos científicos que tentam amarrá-la. Neste sentido, ela tem mais poder que a loucura. E este poder vem do fato de que a arte é a linguagem universal. Somente ela une os reinos tão ideologicamente separados quanto o dos que são designados como sãos e o dos que manifestam-se no lugar do que os ditos sãos entendem como doentes”.
Obra: Arthur Bispo do Rosário