“Nada
mais idiota do que esses Land Rovers que a gente vê a torto e a
direito em São Paulo ou no Rio, rodando com plásticos do Greenpeace
e slogans “ecológicos” colados nos pára-brisas. Gente
refestelada nessas banheiras 4×4 que atravancam as ruas e bebem o
venenoso óleo diesel, gente que acha que “contato com a natureza”
é fazer rally no Pantanal…”
“O
PT é visceralmente paulista, seu projeto é uma “paulistanização”
do Brasil. Transformar o interior do país numa fantasia country:
muita festa do peão boiadeiro, muito carro de tração nas quatro,
muita música sertaneja, bota, chapéu, rodeio, boi, eucalipto,
gaúcho. E do outro lado cidades gigantescas e impossíveis como São
Paulo. O PT vê a Amazônia brasileira como um lugar a se civilizar,
a se domesticar, a se rentabilizar, a se capitalizar. Esse é o velho
bandeirantismo que tomou conta de vez do projeto nacional, em uma
continuidade lamentável entre as geopolítica da ditadura e a do
governo atual”.
Acima, excertos da entrevista do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro a Júlia Magalhães; compondo a série Outra Política.
Daquelas entrevistas lúcidas, diretas, sem concessões, como pouco se tem tido notícia quando o assunto é política.
Daquelas entrevistas lúcidas, diretas, sem concessões, como pouco se tem tido notícia quando o assunto é política.
Para "ouvir" e saber mais sugerimos a coleção “Encontros, a arte da entrevista”, organizada por Renato Sztutman, com
entrevistas a Viveiros de Castro. O livro é da editora Beco do Azougue, Rio de
Janeiro, 2008.
Sua obra "clássica" reúne nove ensaios e uma entrevista no livro "A inconstância da alma selvagem - e outros ensaios de antropologia".